A Tragédia do Pix e a Farsa do Deputado
Acordar cedo tem seus benefícios: você pode ser o primeiro a se indignar com a mais nova conspiração inexistente inventada pelo deputado-mirim do Brasil, Nicolas Ferreira. Hoje, o pobre Pix virou vítima de um ataque tão desproporcional que até o Orkut se sentiria injustiçado. Segundo o jovem parlamentar, o governo tinha planos maquiavélicos para taxar o Pix e esvaziar nossos bolsos mais rápido do que uma promoção de “black fraude”.
O problema? Não existia plano algum.
O Pix, desde sua criação, funciona como uma festa aberta: todos podem entrar, transferir dinheiro e sair sem pagar um tostão. Nicolas, no entanto, achou prudente pegar o microfone dessa festa e gritar “Vão cobrar até o ar-condicionado!” – o que gerou pânico em quem não tem costume de checar informações antes de compartilhar no grupo da família.
O Mito da Taxação
Vamos aos fatos: o que realmente existia era uma norma da Receita Federal – agora revogada – que determinava maior monitoramento das transações financeiras de alto valor (acima de R$ 5 mil para pessoas físicas). Isso não tem absolutamente nada a ver com “taxar o Pix”. Era uma tentativa de coibir crimes como lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Mas Nicolas, com seu talento inigualável para transformar coelho em dinossauro, pintou o cenário como se o governo estivesse de olho até no troco do pãozinho.
E quem pagou a conta? Você, claro. Não financeiramente (ainda bem), mas emocionalmente. Porque a comoção nas redes sociais fez parecer que o Pix estava prestes a se transformar no novo IPVA. De repente, pessoas estavam mais preocupadas com o imposto fictício do que com o real preço da gasolina.
O Desfecho do Boato
Diante do caos, o governo tomou uma decisão rara e eficiente: revogou a norma da Receita Federal e ainda anunciou uma Medida Provisória para blindar o Pix de qualquer tentativa de cobrança futura. Foi como se dissessem: “Pronto, parem de surtar.” Mas a pergunta que fica é: quem revoga as fake news espalhadas com intenções nada inocentes?
Nicolas, o deputado-influencer, sabia o que estava fazendo. Jogar gasolina no medo é sua especialidade, e a intenção era confundir o público, associando medidas técnicas a um complô contra o bolso do brasileiro médio. Ele pegou um tema complexo e o reduziu a slogans simples, fáceis de viralizar, mas totalmente descolados da realidade.
Moral da História
Essa história mostra que, em tempos de fake news, precisamos afiar nosso senso crítico. Antes de acreditar que o Pix será taxado, que Marte está entrando em órbita da Terra ou que Nicolas Ferreira se importa genuinamente com o bem-estar coletivo, pergunte: faz sentido?
O Pix, minha gente, continua livre e democrático. O único preço a pagar é o tempo que perdemos com teorias inventadas. Da próxima vez que o deputado soltar uma dessas, lembre-se: checar informações é tão importante quanto pagar a conta do mercado. Afinal, o que nos ameaça de verdade não é o governo “malvadão”, mas os políticos que preferem a farsa ao fato.
E assim seguimos, com o Pix intacto e a paciência esgotada.
Por Nello Morlotti
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