UMA PROPOSTA AFIRMATIVA PARA PARANAGUÁ

 por Nello Morlotti

Escrevo este artigo como seu aliado, interlocutor e amigo, beneficiário de décadas de discussão e parceiro em lutas que se já prolongam por boa parte de nossas vidas. Escrevo também como cidadão que quer vê-lo eleito Prefeito desta cidade, porque nele identifico o melhor condutor para a mudança de rumo de que a cidade precisa. Nele se combinam qualidades que raramente vemos juntas: inteligência vigorosa, curiosidade intelectual, conhecimento íntimo dos negócios de Estado – nutrido por experiência e pesquisa, e amparado pelo estudo comparado de outras realidades nacionais – audácia e clareza na construção da proposta regional e coragem para enfrentar os obstáculos que se opõem à sua efetivação. A coragem não é a maior virtude. Ela constitui, porém, a virtude habilitadora: sem ela, todas as outras virtudes se esterilizam. Clareza para ver e fibra para enfrentar é o que Alceu tem a rodo. É comum, mesmo entre os líderes políticos mais talentosos, imaginar que, uma vez no poder, só precisam se preocupar em construir alianças e superar os interesses contrariados. Supõem ser claro o caminho. As ideias necessárias para defini-lo em pormenor aparecerão na hora, quando forem necessárias, providenciadas por técnicos prestativos e intelectuais obsequiosos. Os políticos, em particular, costumam fingir esconder, por razões táticas, um plano que não têm. Alceu sempre compreendeu que, de todos os meios que escasseiam para mudar a sociedade, o mais escasso são as ideias. Elas não se apresentam quando convocadas. Os homens de Estado, mesmo quando dispostos a ousar, acabam reféns das ideias disponíveis na esfera e na época em que atuam. Paranaguá precisa de ideias para equipar os cidadãos e transformar nosso recurso nacional mais importante – a vitalidade – em ação fecunda. Este momento responde a tal imperativo.

Alceu Maron propõe um projeto de desenvolvimento que aborda os parnanguaras como agentes a empoderar em vez de abordá-los, do modo costumeiro na política municipal, como beneficiários a cooptar. O projeto exposto vai demarcar a construção de um rumo que funda o desenvolvimento sobre a democratização das oportunidades e das capacitações e reconhece o vínculo entre desenvolvimento democratizante e afirmação regional.

 Em cada momento, Alceu aponta o legado institucional da alternativa que defende. Na vida da cidade, esse legado marca a diferença entre o passageiro e o duradouro, o superficial e o profundo. O redirecionamento de recursos passa, de acordo com as circunstâncias e a correlação de forças. As instituições ficam. Não vivemos, na cidade, um grande movimento de construção institucional desde a época de Caetano Munhoz; por isso mesmo, continuamos a nos mover em meio aos destroços do corporativismo.

Determinado a fundar a transformação necessária na circunstância histórica real, Alceu explica o que aconteceu em Paranaguá nas últimas décadas e como e por que chegamos ao quadro de estagnação econômica, desagregação política e rendição regional em que nos encontramos.

Para isso, ele contrasta sua proposta com os ideários que predominaram nos governos desse período. Um deles – que atravessou os mandatos de José Baka e Mario Roque e, ressurgiu com Marcelo nos últimos anos – foi o fiscalismo clichê. Travestido de liberalismo e de ortodoxia , apostou na retração da cidade e na busca da confiança do cidadão. Atuou na suposição – desmentida em todo o canto – de que a obediência traria o investimento e que a cidade cresceria com o dinheiro dos outros.

O realismo fiscal é indispensável, sim, como Alceu sempre reconheceu, não para ganhar a confiança, mas pela razão oposta: para que Paranaguá e seu governo não dependam unicamente da confiança e possam ousar na construção da estratégia insubmissa de desenvolvimento. Abdicar da rebeldia, e da construção institucional que ela exige, foi o maior pecado dessa conspiração contra nosso futuro. O outro ideário – que acabou prevalecendo nos governos anteriores – foi a falácia das obras públicas. Teve mérito relativo, mas tomou o caminho fácil de usar estas premissas – na comunicação apenas – para pagar a conta da ilusão urbana.

 

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