O que você comeu em abril?
Por Nello Morlotti
Basta rolar a rede social, abrir o TikTok ou qualquer canto digital do mundo moderno, e lá está ela: comida. Comida de todos os tipos, das elegantes criações dignas de restaurante três estrelas Michelin à afamada e suculenta baixa gastronomia. Há quem viaje para comer e há quem fique postando fotos do velho prato do dia. Temos receitas da vovó, experimentações de chefs amadores e até pratos que não fazem sentido, mas rendem likes.
Chega então o fim do ano, essa hora do balanço – ou deveríamos dizer do banquete? Enquanto tentamos organizar a cabeça entre afazeres pendentes e conquistas realizadas, me pergunto: será que alguém faz um balanço das comidas que marcaram o ano?
Pergunte a alguém próximo: o que você comeu em abril? Duvido que alguém saiba. Talvez apenas aqueles que repetem sempre a mesma coisa – arroz, feijão e um pedaço de carne que não muda nem de formato. Sacrilégio! A monotonia no prato é uma afronta ao universo imenso que a culinária nos oferece.
O algoritmo me conhece bem, confesso. Ele me fisga toda vez que aparece um prato novo, e hoje sou refém do topokki coreano – um sequestro delicioso, mas que me faz refletir sobre o papel da alimentação em nossas vidas. Alimentar-se não é só um ritual de sobrevivência; é uma celebração da diversidade, uma narrativa cheia de histórias e emoções. Para alguns, é a mão que afaga; para outros, a mão que apedreja, como bem diria Augusto dos Anjos.
Comida é alegria e frustração, amor e raiva, conforto e ousadia. É sobre o pão que alimenta e o excesso que cobra seu preço. E então vem o final do ano, com suas ceias que oscilam entre o tradicional e o inventivo, o simples e o sofisticado.
Agora, falando em inventividade, vamos a uma sugestão para transformar uma baguete esquecida no canto da mesa em um espetáculo gastronômico. Pegue um pão baguete, corte-o ao meio e espalhe generosamente manteiga misturada com alho ralado e salsinha. Sobre isso, distribua fatias de queijo brie, leve ao forno até o queijo derreter e depois finalize com nozes picadas, bacon crocante moído e um fio de mel. Um simples pão pode se tornar o passaporte para o tão desejado “prêmio de melhor prato” nas festas de família.
Talvez essa receita não mude a vida de quem sempre come o mesmo – mas quem sabe não seja a fagulha de uma memória futura? Talvez, no próximo abril, alguém se lembre de uma baguete transformada em obra-prima. Afinal, a vida – como a comida – é melhor quando a gente experimenta, mistura e se joga no desconhecido.
E aí, você já sabe o que vai comer no próximo abril?
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