Volte PQNA: um legado em risco !

 Volte, PQNA: um legado em risco

Por Nello Morlotti


Circular por Curitiba é como ler um livro aberto, com histórias escritas nos muros, praças e rotatórias. Temos Leminski, Dalton Trevisan, Rogério Dias, João Turin, e o anônimo do “VOLTE PQNA”, que eternizou seu drama amoroso em uma pichação pela rodoviária. Até o Confúcio da rotatória, presente dos chineses, parece nos observar com aquele ar de “já vi isso antes”.


E então chegamos ao capítulo atual: o prefeito eleito anunciou sua nova equipe, incluindo José Luiz na Fundação Cultural. O problema? Suas redes sociais revelam um fervor pela extrema direita que contrasta com o legado de ícones como Margarita Sansone, criadora da FAS e protagonista na fundação cultural da cidade. Margarita deu a Curitiba obras como o Museu Paranista, verdadeiro marco do orgulho local. Mas o que esperar do futuro? Livros queimados? Estátuas vandalizadas? Quem sabe algum tipo de censura à boa e velha ousadia artística?


Por sorte, temos Marc Souza na Comunicação Social. Com raízes na militância da UNE, da UPES e do PC do B, ele carrega um histórico progressista que talvez impeça que o retrocesso se instale de vez. Enquanto isso, seguimos na torcida para que o legado cultural de Curitiba não vire um simples rodapé na história.


Enquanto esperamos os próximos atos dessa tragicomédia, sugiro um prato com sabor tão resistente quanto o povo paranaense: um risoto de pinhão.


Refogue cebola e alho na manteiga, adicione arroz arbóreo e um toque de vinho branco. Vá incorporando caldo de legumes enquanto mexe, até o arroz ficar al dente. No final, misture pinhão picado e parmesão ralado. Sirva quente, torcendo para que, assim como o risoto, a cultura curitibana permaneça firme e cremosa, sem desandar.


E que Confúcio, na rotatória, continue no mesmo lugar, observando com serenidade.


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