O Espaguete da Salvação!

A Revolução dos Alimentos e o Espaguete da Salvação


Imaginem a cena: um ministro da economia, de avental e colher de pau em punho, anunciando para uma nação faminta que os impostos sobre alimentos serão reduzidos. “Vamos cortar as tarifas de importação sobre massas, azeites e carnes!”, brada ele, enquanto um repórter da TV cochicha para o câmera: “Isso é o mais próximo que chegamos de um MasterChef no governo”.


O povo vibra, mas há um problema. O impacto da medida nos preços pode ser tão sutil quanto um fio de azeite extravirgem em um prato de espaguete. Afinal, o Brasil já produz toneladas de carne e milho, e reduzir o imposto sobre sardinha em lata pode parecer mais um presente para os gatos de apartamento do que para o consumidor médio.


Mas vejamos o lado bom. Agora, com massas mais acessíveis, podemos voltar à tradição italiana sem medo de quebrar o orçamento. E é por isso que trago aqui uma receita especial: o Espaguete da Salvação, criado em homenagem às novas diretrizes da política econômica.


Espaguete da Salvação


(Agora oficialmente mais barato, pelo menos na teoria)


Ingredientes:

250g de espaguete (já pode comemorar, o imposto caiu);

2 dentes de alho (importação livre, mas sempre bom apoiar o produtor local);

4 colheres de azeite (zero imposto, mas o preço… bom, veremos!);

Pimenta-do-reino (de graça se você for amigo do dono do restaurante);

Queijo parmesão (ainda um luxo, mas você pode chamar de “parmesão” para reduzir os custos psicológicos).


Modo de preparo:

1. Cozinhe o espaguete em água fervente com sal. O governo ainda não interveio na quantidade de sal permitida, então seja generoso.

2. Em uma frigideira, aqueça o azeite e doure o alho picado até sentir aquele aroma que, dizem, faz qualquer político prometer o impossível.

3. Escorra a massa e misture ao alho, adicionando pimenta-do-reino e queijo ralado. Mexa bem, pois a economia também funciona na base do movimento – pelo menos, é o que dizem os teóricos.

4. Sirva imediatamente, antes que alguém invente um novo imposto sobre refeições consumidas em menos de dez minutos.


Enquanto degustamos o prato, vale refletir: será que a redução de impostos sobre alimentos vai realmente baratear as compras, ou estamos diante de mais um capítulo da famosa política do tira daqui, põe ali? No fim das contas, pode ser que a única coisa que baixe mesmo seja o nível da paciência do consumidor.


Mas sigamos confiantes. No próximo pacote de medidas, quem sabe não eliminam os impostos sobre o Prosecco? Aí sim poderemos brindar de verdade – até porque, com um bom vinho, qualquer crise parece um pouco menos amarga.


Saúde e bom apetite!


Nello Morlotti

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