O Time que Não Come Churrasco, Mas Come a Bola
O futebol brasileiro já teve de tudo: time que virou igreja, clube com dono excêntrico que canta no intervalo e até jogador que simulou uma lesão para não encarar o Messi. Mas agora, senhoras e senhores, temos um novo protagonista no campeonato da excentricidade: o Clube Laguna SAF, o primeiro time vegano do Brasil e das Américas. Sim, isso mesmo. Um time onde a preleção não é sobre raça e sangue nos olhos, mas sim sobre a importância da couve na dieta.
A sede do Laguna fica no Rio Grande do Norte, mas o clube já conquistou fãs e curiosos pelo país inteiro. Afinal, é difícil ignorar um time que veste rosa e azul e ainda prega que a única carne que entra em campo é a do adversário. Enquanto outras equipes fecham patrocínio com frigoríficos, o Laguna deve estar em negociações com marcas de tofu e leite de amêndoas.
E se alguém acha que veganismo e futebol não combinam, precisa ver o atacante Bill em ação. Esse é um nome que, para quem acompanha o futebol brasileiro, não precisa de apresentação. O cara já rodou meio mundo da bola e passou pelo Coritiba, onde, convenhamos, teve que conviver com uma torcida que torce tanto quanto cozinha — e quem já comeu um bom barreado paranaense sabe que isso é um elogio. Mas agora, no Laguna, Bill virou uma espécie de embaixador do “futebol sustentável”. Ao invés de jantar aquela clássica picanha pós-jogo, imagino ele ali no vestiário, dividindo um prato de quinoa e cogumelos grelhados com os colegas de equipe.
O time já fez história ao conquistar a Segunda Divisão do Campeonato Potiguar e, se seguir nesse embalo, pode muito bem chegar à elite do futebol nacional. Só fico imaginando a cena: uma final de Copa do Brasil entre o Laguna e um time patrocinado por um frigorífico. O narrador enlouquecendo:
— É confronto de filosofias, amigos! De um lado, a equipe do Laguna, leve, sustentável e cheia de energia vital! Do outro, o time adversário, forte, parrudo, criado a base de churrasco e feijoada! Quem leva essa?
E claro, toda vez que um jogador do Laguna fosse ao chão após uma falta dura, lá viria a piada fácil:
— Levanta aí, meu amigo, que capim não sente dor!
Agora, se tem uma coisa que realmente me intriga nesse time é o churrasco da vitória. Afinal, no futebol brasileiro, qualquer título, até torneio de par ou ímpar, termina com carne na brasa e muita cerveja. Mas no Laguna? Talvez role uma festa com espetinhos de abobrinha, hambúrguer de lentilha e um suco detox pra acompanhar. O que importa é que a bola segue rolando e o time provando que futebol pode ser rápido, competitivo e, por que não, sustentável.
Seja com um bife ou uma berinjela, o importante é botar a bola na rede. E se continuar assim, o Laguna pode acabar mostrando que futebol vegano pode dar mais sustância do que muita defesa recheada de carne de segunda.
Nello Morlotti
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