Partiu Sao Luis !

Vejam vocês, caros amigos da bola, o futebol é mesmo um amor ingrato, desses que a gente cultiva com carinho, mas que quase sempre termina em desilusão. Hoje vejo alguns amigos meus viajando mais de mil quilômetros só para acompanhar o Flamengo em São Luís. Bate aquela nostalgia dos tempos em que eu mesmo percorria estradas madrugada adentro, numa paixão irracional pelo Paraná Clube. Quantas noites em claro, quantas frustrações! E, admito, algumas alegrias também, embora não tantas quanto gostaria.


O futebol já foi quase tudo pra mim: das arquibancadas vibrantes à presidência do centenário Rio Branco de Paranaguá. Ah, presidência! Cargo pomposo que, no futebol, é sinônimo de sofrimento sem contrapartida. Não me refiro às derrotas no campo, essas são parte do jogo. Falo das batalhas travadas fora das quatro linhas, das contradições do “futebol moderno”, da bendita cartolagem, das promessas e dos desencantos. Sim, Joel Malucelli me avisou com sabedoria quase profética: “Nello, não há vitória!” Ele tinha toda razão.


Veja o caso da pobre Leila no Palmeiras, que literalmente empilhou taças e títulos e, ainda assim, não escapa da fogueira dos insatisfeitos. O que mais poderia ela fazer? Talvez, só talvez, comprar o VAR. Ah, esse VAR, o grande vilão moderno! Já não basta o sofrimento humano, agora precisamos do sofrimento digital, de esperar por um robô decidir se a nossa felicidade é legítima ou se estava impedida por meio pé.


Sinto falta do futebol de antigamente, aquele de poucos amigos, camaradagem verdadeira, vitórias raras e derrotas honrosas. Futebol sem interferências tecnológicas, em que o erro do juiz era apenas mais uma injustiça da vida, e não um complô cibernético.


Mas sabe o que é pior? É que, mesmo com todas essas contradições, ainda sinto uma saudade inexplicável daqueles tempos. Talvez seja isso o amor pelo futebol: saber que quase nunca vale a pena, mas mesmo assim, não querer largá-lo jamais.


Vai entender a lógica do torcedor…


Nello Morlotti


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